Me perguntei por que isso, não haveria nenhuma comida? Quase impossível, esse povo se alimentava, então deveria existir alguma coisa. Coloquei como um desafio, descobrir algumas comidas indígenas. Conversando aqui, ali, uma ideia e as ações. A ideia: descobrir comidas indígenas. A ação: encontrar as pessoas, conversar com elas e fazer as comidas e ainda filmar o preparo e tudo o mais que envolve.
Por questões de atribuições, não pude ter o privilégio de ir a campo, minhas colegas e as voluntárias que o fizeram. Passaram por alguns meses, nas atividades nas aldeias conversando com as pessoas sobre 'comida', o que faziam, o que fazem, se era bom, se não é mais, porque; e aos poucos a conversa se tornando vontade de fazer para experimentar e também para mostrar, tentar convencer os mais jovens que segundo disseram, não querem mais essas comidas, gostam daquela comprada no supermercado.Sem preconceitos, tem lugar para todos os gostos. Mas a vontade era grande de saber mais, conversa vai, conversa vem, lembra daqui, lembra dali e os alimentos foram sendo preparados, alguns mesmo desde a colheita ou caça até o produto final prontinho para comer. Uma comida lenta, com identidade e história, no bom estilo do 'slow food'.
Digo com sinceridade, os gostos descobertos e redescobertos nesses meses foram muitos e, na simplicidade, especiais, particulares e riquíssimos. Nos vídeos a seguir um pouco da experiência da Boa Comida Guarani.
Agradecemos a todas as pessoas das comunidades que se mobilizaram para preparar as comidas, tanto as que aparecem nos vídeos como as que preferiram não aparecer. A equipe da Outro Olhar envolvida e às voluntárias do Programa de Serviço Voluntário Europeu (Cristina, Beatrice e Duda) pelas filmagens, roteiros e edições.
por Sandra König